Palestra sobre pós-graduação para mulheres em situação de vulnerabilidade é destaque na Semana da Criatividade


Fernanda Almeida e Vannessa Ribeiro discutiram o papel transformador da pós-graduação na vida das mulheres


Nesta terça-feira (22), durante o Dia Mundial da Criatividade, realizado na Faculdade Martha Falcão Wyden, o debate sobre o papel da educação na vida das mulheres ganhou destaque com a presença das doutorandas Fernanda Almeida e Vannessa Ribeiro. Fernanda compartilhou sua própria trajetória no ensino superior e o quanto o ingresso no mestrado a fez refletir sobre desigualdades que vão além da sala de aula.Uma pós-graduação pode ser transformadora na vida de uma mulher, mas também pode parecer algo distante, difícil ou até mesmo impossível.


Fernanda conheceu Vannessa e, dessa conexão, surgiu uma amizade que rapidamente evoluiu para uma parceria. Fernanda a convidou para integrar o projeto, que inicialmente se chamava Instituto Fernanda Almeida. Após uma reformulação, a iniciativa passou a se chamar Instituto Athenas de Altos Estudos (IA).


Fundadora do projeto, Fernanda Almeida é mestra em Educação Profissional e Tecnológica pelo IFAM, integrante do Grupo de Pesquisa em Sociologia Política da Educação (GRUPESPE/UFAM) e atuou como professora substituta na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), na área de Educação.



“O projeto nasceu basicamente das minhas experiências na graduação e na pós-graduação. Como várias pessoas do nosso meio acadêmico, eu vim de uma família que não tem condição financeira muito boa. E eu observo que, estando nessa situação, eu sou a única da minha família que enveredou graduação, pós-graduação, cheguei até doutorado. Eu não imaginei que eu poderia chegar, porque isso não é uma realidade para a gente. E quando você não está nessa realidade, para você é muito difícil”, disse Fernanda Almeida 


“Quando eu consegui entrar no mestrado, eu comecei a perceber a diferença das mulheres, não só da minha família, mas de outras famílias ao meu entorno, aquelas que tinham acesso à pós-graduação, daquelas que não tiveram”, afirmou. 


Segundo ela, a diferença entre esses dois grupos é visível em vários aspectos, como o poder aquisitivo, o capital cultural e até a forma de se expressar e se posicionar socialmente. “Mas você vê no seu próprio dia a dia, tanto a diferença com relação ao poder aquisitivo, quanto a diferença de capital cultural, da maneira como a pessoa se portar, da maneira como a pessoa fala, tudo isso traduz o campo onde ela vive. E a partir disso eu comecei a acompanhar as notícias sobre essas mulheres, sobretudo as que estão em vulnerabilidade social”. 


Fernanda destaca que a falta de acesso à pós-graduação não impacta apenas a carreira dessas mulheres, mas também as expõe a outras violências sociais, como o feminicídio e relacionamentos abusivos. “Todas essas mazelas sociais são agravadas quando a mulher não tem acesso a determinadas oportunidades. E uma delas é a pós-graduação. Foi pensando nisso que eu comecei o projeto”, finalizou. 


Vannessa Ribeiro é doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), atua como professora do Ensino Fundamental I na Secretaria Municipal de Educação de Manaus (SEMED/Manaus) e integra o Grupo de Pesquisa em História da Educação da UFAM.


A primeira experiência dentro do projeto foi em um seminário interdisciplinar da pós-graduação do programa de educação da UFAM, o PPGE UFAM, onde as duas resolveram ministrar um minicurso sobre como estruturar um projeto de pesquisa para mestrado e doutorado, ultrapassando o limite de pessoas que poderiam se inscrever. 


Vannessa destacou a importância de abordar o projeto durante O Dia Mundial da Criatividade. “Surgiu a oportunidade aqui do Dia Mundial da Criatividade para a gente divulgar o nosso trabalho. Como a Fernanda falou também, como ele é pequeno, mas a gente já tem uma grande experiência, uma vivência com ele, então a gente vem aqui divulgar, falar para ele sobre o nosso projeto, a nossa ação social, que também envolve empreendedorismo, criatividade, inovação e esse lado social que a gente já vem trazendo com o nosso projeto, realmente para as mulheres terem mais acesso, mais voltados para a pós-graduação”, finalizou ela. 


A experiência de Fernanda e Vannessa mostra que o acesso à educação pode ser o ponto de virada na vida de muitas mulheres, e que iniciativas como o projeto Athenas têm o poder de transformar não apenas trajetórias acadêmicas, mas histórias de vida.


Texto: Giovanna Caresto

Fotos: Giovanna Caresto e Vitória Serrão

Agência Experimental Falcon / Martha Falcão

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