Abril Indígena: Caprichoso e Garantido marcam presença no Acampamento Terra Livre 2025 em Brasília
Representantes indígenas dos bois de Parintins levam arte, ancestralidade e luta ao Acampamento Terra Livre.

Entre os dias 7 e 11 de abril, Brasília foi palco da 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do Brasil. Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o evento reuniu entre 6 e 8 mil indígenas de mais de 200 povos de todas as regiões do país, celebrando também os 20 anos de existência da APIB.
Uma das novidades deste ano foi a participação dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, símbolos culturais do Amazonas. O Boi Caprichoso levou ao ATL a força da sua arte com a presença de Marciele Albuquerque, indígena do povo Munduruku e atual cunhã-poranga da agremiação. Ela esteve acompanhada do tripa Alexandre Azevedo, que também contribuiu com a performance artística do boi no acampamento. Já o Boi Garantido contou com a presença do pajé Adriano Paketá, do tripa Batista Silva e de Izabel Munduruku, integrante da Comissão de Artes do bumbá.
O ATL reúne milhares de indígenas de diversas etnias e regiões do país para discutir e reivindicar direitos constitucionais, como a demarcação de terras, acesso à saúde e educação, além de pautas contemporâneas como a emergência climática e os direitos das mulheres e jovens indígenas. Ao longo dos anos, o evento se consolidou como um espaço fundamental de mobilização e resistência dos povos originários. “O movimento Indígena já faz parte da minha vida, eu sou o movimento também! Foi muito incrível! Na verdade, já é um dos eventos que participo, e fiquei muito feliz e orgulhosa quando o Boi Caprichoso também teve grande interesse em que participássemos do ATL. É uma luta que nós defendemos na arena e em nossas toadas” destacou Maciele Albuquerque.

As apresentações dos bois encantaram os presentes e reforçaram a importância da valorização das manifestações culturais na luta pelos direitos dos povos originários. "É um sonho estar aqui. Representar o Garantido nesse espaço é marcar a presença indígena não apenas no festival, mas também nas decisões políticas e sociais do nosso país" destacou Adriano Paketá, pajé do Boi Garantido.
A demarcação de terras indígenas segue sendo uma das principais pautas do movimento indígena, por representar a garantia de direitos, a preservação e a proteção de biomas fundamentais para o equilíbrio ambiental do país. No ATL, a presença de lideranças indígenas de todo o Brasil reforçou a urgência dessas demandas, enquanto os bois de Parintins, com seus representantes, contribuíram para ampliar a visibilidade desas causas. A união entre manifestação cultural e política mostrou que, além da festa, os bumbás também cumprem um papel ativo na defesa dos povos originários.
"Essa luta é por terra, saúde, educação e respeito. Estou aqui como artista, item e principalmente como indígena" afirma Paketá.

Abril Indígena
Abril é conhecido como o “Abril Indígena”, um período dedicado à visibilidade, resistência e luta dos povos originários do Brasil. A data de 19 de abril, anteriormente chamada de "Dia do Índio", passou a ser ressignificada pelo movimento indígena como Dia dos Povos Indígenas, reconhecendo a diversidade e a luta coletiva por direitos. A mudança na nomenclatura reflete um processo de afirmação identitária e combate a estereótipos históricos.
Em um país onde a violência contra os povos indígenas ainda é uma realidade, dedicar um mês à valorização dessas vozes é essencial para a construção de uma sociedade mais justa. Mobilizações como o ATL reforçam que abril além de um mês de memória é também de luta contínua pela vida, pelos territórios e pelo futuro dos povos originários. Antes da coroa existia o cocar, é tempo de retomada.
Texto: Ester Carvalho
Fotos: Divulgação
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